Potencialidade
Arqueológica do Alto sertão Alagoano - nas cidades de Delmiro Gouveia e Olho
D’água do Casado: perspectivas turísticas e preservacionistas.
Jefferson Félix dos Santos – UFAL
Campus do Sertão*.
Amanda Roberta Gonçalves Gomes –
UFAL Campus do Sertão*.
Resumo
O
conhecimento acerca dos sítios arqueológicos do Alto Sertão alagoano se
restringe principalmente a esfera acadêmica, deixando grande parte da
comunidade local, que entra em contato diariamente com esses sítios em total
desconhecimento. A presente pesquisa busca realizar a caracterização dos sítios
arqueológicos localizados nas cidades de Delmiro Gouveia e Olho D’água do
Casado – Alagoas, demonstrando sua importância através de divulgações com a
realização de palestras e oficinas nas redes de ensino municipal e estadual,
incentivando assim a preservação do patrimônio arqueológico, revelando suas
belezas, bem como as riquezas produzidas pelos grupos pretéritos que ocuparam a
região. Este trabalho visa também identificar o porquê de não haver uma
divulgação mais ampla deste patrimônio, tornando-o conhecido e acessível não só
para a população local, mas também como instrumento de auxilio no incentivo ao
turismo. Desta forma, é possível observar um grande descaso por parte da
comunidade e dos administradores municipais e estaduais, devido principalmente,
mas não exclusivamente, à falta de conhecimento no que se refere à importância
desse patrimônio, que vale salientar, não é renovável. Portanto, fica explícita
a necessidade de tornar o patrimônio arqueológico dessa região, através da
educação patrimonial, parte da identidade da população local.
Palavras-chave:
Arqueologia, Sertão alagoano,
Preservação, Educação Patrimonial.
O presente trabalho tem por objetivo realizar a
caracterização arqueológica em duas cidades do Alto Sertão Alagoano, Delmiro
Gouveia e Olho D’água do Casado, e perceber como se dá o “uso” desse patrimônio
pela população local em termos preservacionistas e turísticos. Ao ser iniciada
esta pesquisa, buscou-se, a princípio, definir as bases conceituais do termo
patrimônio e seu impacto social.
O conceito
de patrimônio numa sociedade capitalista geralmente se remete a bens materiais
atrelados a fatores econômicos. Ao se tentar definir o que é patrimônio,
observa-se a íntima relação entre este e os bens culturais de um modo geral.
Essa vinculação durante muito tempo se deu pela expressão de erudição que ambas
transmitem. Pelegrini e Funari (2008) relembra-nos que esse conceito já fora
utilizado como sinônimo de erudição, então os conhecimentos populares não fazem
parte da cultura? Até o século dezenove não! Com a difusão dos conhecimentos
populares, os eruditos buscaram novos significados para definir o conceito de
patrimônio cultural sem perder seu sentido nobre,
Os ingleses, para não
empobrecer a palavra culture,
recorreram ao termo lore para criar o
folklore: literalmente, os costumes
das pessoas (este é o sentido de folk,
em inglês, uma palavra bem pedestre e um pouco depreciativa). Já os alemães
preferiram manter a palavra cultura e diferenciar a “Alta” da “Baixa” cultura:
aquela erudita e resultado do estudo, esta analfabeta e quotidiana. (PELEGRINI
& FUNARI, 2008, p.15).
Hoje compreende-se o
conceito de cultura como um conjunto de valores e conhecimento transmitidos
através das interações sociais, e que estas podem estar nos comportamentos dos
indivíduos. Cristoph Brumann abrange bem em sua definição,
A cultura é o
conjunto de padrões adquiridos socialmente a partir dos quais as pessoas
pensam, sentem e fazem. Uma cultura não requer proximidade física ou um tipo
específico de sociabilidade direta (Gemeinschaft), apenas interação social,
mesmo que mediada por meios de comunicação que seja casual. Mesmo ver, ouvir ou
ler uns aos outros pode ser suficiente (1999 p. S23, apud PELEGRINI &
FUNARI, 2008, p. 18).
Essa discussão merece
uma atenção mais particularizada, porém a intenção aqui não é de defini-la
minuciosamente, mas esclarecer de forma superficial a sua significação para
relacionar com o que hoje se tem por entendimento o conceito de patrimônio. O
que antes era entendido como grandes monumentos, construções arquitetônica
edificadas pelo homem, hoje se entende patrimônio como todo instrumento que nos
traz a memória sensações e nos torna parte de algo. Vitor Oliveira Jorge (2007,
p.20) vai afirmar que patrimônio pode ser definido como as “identidade(s) da(s)
pessoa(s), do(s) grupo(s), da(s) região(ões), da(s) nação(ões)”. Desta forma,
pode-se compreender que patrimônio é, antes de tudo, identidade de uma
sociedade, o que lhe dá a essência do hoje, provida pelas expressões do ontem e
que provoca profundas reflexões do amanhã, podendo estes nos alegar uma noção
de artes, monumentos, coisas grandes, belas, como também gastronomia,
paisagens, ou seja, tudo que sempre nos transporta para o passado, que nos traz
a tona lembranças, memória antigas de situações que pode ter se dado no âmbito
particular, como também no âmbito social. Oliveira Jorge vai mais afundo nessa
concepção, afirmando que,
Patrimônio implica
uma inextricável articulação de herança e construção. Herança, porque
subjacente à ideia se encontra a vontade de conservar (“congelar” o tempo),
valorizar e transmitir certos bens; construção, porque tais valores são
indissociáveis do nosso olhar contemporâneo sobre eles, são uma criação nossa,
na medida em que os reconhecemos como valores patrimoniais (2007, p.125).
Preservar o
patrimônio é preservar a cultura e consequentemente a identidade local. É nesse
sentido, de preservação patrimonial que se faz necessário à abrangência desses
conceitos no que se refere ao conhecimento, divulgação e preservação dos
patrimônios arqueológicos localizados nas cidades de Delmiro Gouveia e Olho
D’água do Casado – AL, demonstrando sua importância como parte da identidade
local, e como potencial turístico. Nesse sentido, a arqueologia preventiva vem
desenvolvendo um importante papel, e gira em torno de princípios básicos que
regulamentam o planejamento e a práxis da arqueologia no licenciamento
ambiental de obras potencialmente lesivas ao meio ambiente. Além de buscar
alternativas para a preservação dos sítios arqueológicos, pré-históricos e
históricos, além das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, como também
as cavidades naturais subterrâneas que interessam aos aspectos culturais,
abrangendo nossa visão que tem sido estreitada pelas políticas públicas de
nossos governantes. O conhecimento dos mesmos se restringe principalmente a
esfera acadêmica, deixando grande parte da comunidade local, a qual entra em
contato diariamente com esses sítios em total desconhecimento. Essa falta de
conhecimento prevalecendo na quase totalidade da população local é um dos
maiores obstáculos para um entendimento do seu valor, no qual, sem perceber,
contribui para o seu corrompimento. Hoje sabemos da existência de 19 sítios
arqueológicos em Delmiro Gouveia e 6 sítios em Olho D’água do Casado. A quantidade de sítios arqueológicos acima apresentados muito
provavelmente encontra-se desatualizado e um número maior, deverá,
possivelmente, ser exposto ao final desta pesquisa, tendo em vista que o foco
desse trabalho também se dará no sentido de sistematizar o conhecimento acerca
dos sítios oficialmente existentes, além de buscar identificar novos sítios na
região. Assim, os sítios caracterizados
e já identificados por outros pesquisadores são os seguites:
Delmiro Gouveia – AL.
I.
Sítio
Lamarão, localizado na fazenda lamarão, na confluência do rio São Francisco com
o riacho Lamarão.
II.
Sítio Mirador I, localizado na fazenda
Castanho, na confluência do rio São Francisco com o riacho Mirador.
III.
Sítio
Mirador II, localizado na fazendo Castanho, na confluência do rio São Francisco
com o riacho Mirador.
IV.
Sítio
São Francisco I, localizado na fazenda São José, na confluência do rio São
Francisco com o riacho do Talhado.
V.
Sítio
São Francisco II, localizado na fazenda São José, na confluência do rio São
Francisco com o riacho do Talhado.
VI.
Sítio
Xingó, localizado na fazenda Castanho, na confluência do rio São Francisco com
o riacho sem nome.
VII.
Sítio
São José I, localizado na fazenda São José, na confluência do rio São Francisco
com o riacho do Talhado.
VIII.
Sítio
São José II, localizado na fazenda São José, na confluência do rio São
Francisco com o riacho do Talhado.
Datação
C14
|
Laboratório
|
Material
datado
|
3500 ± 110 BP
|
(BETA 86739)
|
Carvão – decapagem
18
|
4140 ± 90 BP
|
(BETA 86740)
|
Carvão – decapagem
19
|
Fonte: Luna (2001).
IX.
Sítio
Castanho, localizado em um abrigo arenito medindo 16m de largura x 3m de altura
x 4,50m de profundidade, na margem direita do riacho Castanho, afluente do rio
São Francisco.
X.
Sítio
Brejo, localizado em um nicho de arenito medindo 22m de largura x 4m de altura
e 3m de profundidade, na margem esquerda do riacho Brejo, afluente do rio São Francisco.
XI.
Sítio
Maribondo é um abrigo de arenito medindo 18 m de largura x 5 metros de altura,
na margem direita do riacho Tanquinho.
XII.
Sítio
Caibeira do Talhado, localizado em um abrigo de arenito medindo 9m de largura
com 2m de altura e 1,50 m de profundidade, localizado na margem esquerda do
riacho do Talhado.
XIII.
Sítio
do Talhado I, localizado em uma parede de arenito abaixo da ponte da linha
férrea, (desativada), que ligava Piranhas - AL a Petrolândia – PE, a margem
esquerda do riacho do talhado.
XIV.
Sítio
do Talhado II, localizado em um abrigo de arenito medindo 4,5m de comprimento,
4 m de altura 3 m de profundidade, na margem direita do riacho do Talhado.
XV.
Sítio
do Talhado III, localizado está localizado em um abrigo de arenito medindo
15,50 m de largura x 6,50 de profundidade e 2m de altura, localizado a margem
do riacho do Talhado onde o mesmo deságua no rio São Francisco, sendo de fácil
acesso.
XVI.
Sítio
Curva do Talhado, localizado em um abrigo de arenito medindo 5,20 m de altura
da base x 20 m de largura x 4m de altura x 4 m de profundidade, localizado a
margem direita do riacho do talhado afluente do rio São Francisco.
XVII.
Sítio
Encontro do Talhado, localizado em um nicho de arenito a margem esquerda do
córrego afluente do rio São Francisco, medindo 2,85 m de altura x 90 cm
profundidade.
XVIII.
Sítio
Sal, localizado em um bloco de arenito medindo 7,50m de largura x 3m altura, a
margem esquerda do riacho do Talhado.
Características
dos sítios em questão.
|
Material associado
|
|
||||
Sítios
|
Coord.
UTM
|
Tipo
|
Mat. Lítico
|
Ossos
|
Frag. de cerâmica
|
Outras Características.
|
I
|
616630 E
8945400 N
|
Céu
aberto
|
5
peças
|
0
|
52
|
Manchas
escuras
|
II
|
619800 E
8945120 N
|
Céu
aberto
|
13
peças
|
0
|
0
|
Manchas
escuras avermelhadas
|
III
|
617840 E
8944900 N
|
Céu
aberto
|
4
peças
|
0
|
0
|
3,35
kg sedimentos, manchas escuras avermelhada
|
IV
|
621600 E
8945640 N
|
Céu
aberto
|
6
peças
|
0
|
7
|
3,80
kg de sedimentos
|
V
|
622000 E
8945940 N
|
Céu
aberto
|
32
peças
|
0
|
56
|
35
kg de carvão, e 19,15 kg de sedimentos
|
VI
|
618400 E
8944680 N
|
Céu
aberto
|
18
peças
|
0
|
0
|
372g
de carvão, 6 fogueiras com 1089 blocos e 15,49kg de sedimentos
|
VII
|
621000 E
8945600 N
|
Céu
aberto
|
117
peças
|
180g
de fauna/ossos
|
386
|
227g
de carvão, 14,65 de sedimentos
|
VIII
|
620700 E
8945440N
|
Céu
aberto
|
115
peças
|
18
fauna/ossos, 209 ossos, 4 dentes e 28 esqueletos
|
183
|
809g
de carvão, 97,25 kg de sedimentos
|
IX
|
617840 E
8947960 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
96
grafismos monocrômicos, (vermelho)
|
X
|
619100 E
8948000 N
|
Nicho
de arenito
|
0
|
0
|
0
|
76
grafismos, (pinturas), em vermelho
|
XI
|
622120 E
8917680 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
282
grafismos sendo 81 pinturas e 201 gravuras
|
XII
|
621400 E
8951200 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
30
grafismos, (pinturas), vermelhas
|
XIII
|
621160 E
8953440 N
|
Céu
aberto
|
0
|
0
|
0
|
47
grafismoscon
|
XIV
|
620640 E
8946400 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
155
grafismos, sendo 137 pinturas e 18 gravuras
|
XV
|
621680 E
8946400 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
138
gravuras e 2 pinturas em vermelho
|
XVI
|
620910 E
8951845 N
|
Abrigo
|
0
|
0
|
0
|
96
pinturas em vermelho e variações
|
XVII
|
620600 E
8954000 N
|
Nicho
de arenito
|
0
|
0
|
0
|
2
pinturas geométricas monocromáticas vermelhas
|
XVIII
|
621160 E
8953440 N
|
Bloco
de arenito
|
0
|
0
|
0
|
1
figura circular e pequenos conjuntos de cupiles
|
Olho d Água do Casado – AL
I.
Sítio
Cancamunhé, localizado na fazenda Capelinha na confluência do rio São Francisco
com o riacho Cancamoem
II.
Sítio
Fazenda Velha I, localizado na fazenda Vera Cruz na margem esquerda do riacho
Uruçu, nas proximidades do rio São Francisco
III.
Sítio
Fazenda Velha II, localizado na fazenda Capelinha na margem direita do riacho
Uruçu, nas proximidades do rio São Francisco
IV.
Sítio
Tanque, localizado na fazenda de Vera Cruz as margens do riacho Baixa Grande,
nas proximidades do rio São Francisco
V.
Sítio
Riacho, localizado em um nicho de arenito as margens do riacho das Águas
Mortas, onde foi construída uma pequena represa dificultando seu acesso,
medindo 6m de altura x 1m de profundidade
Característica
dos sítios em questão
|
Material
Associado
|
|
||||
Sítios
|
Coord
UTM
|
Tipo
|
Mat
Lítico
|
Ossos
|
Frag.
Cerâmico
|
Outras
Características
|
I
|
625120
E
8942600
N
|
Céu
aberto
|
9
vestígios
|
0
|
0
|
Manchas
escuras e avermelhadas
|
II
|
626920
E
8941800
N
|
Céu
aberto
|
7
peças
|
25
fauna/ossos
|
92
|
1
fogueira com 9 blocos, 2,40 kg de sedimentos
|
III
|
626720
E
8941730
N
|
Céu
aberto
|
0
|
0
|
0
|
1
fogueira com 26 blocos e material cerâmico
|
IV
|
628000
E
8935447
N
|
Céu
aberto
|
11
peças
|
7
faunas/ossos
|
178
|
5
fogueiras com 651 blocos, 239kg de carvão e26,95kg de sedimentos
|
V
|
622900
E
897100
N
|
Nicho
de arenito
|
0
|
0
|
0
|
4
gravuras rupestres
|
A não propagação
consciente da existência desses sítios, bem como das suas localizações torna-se
um grande desafio para os turistas e para a própria população local, que por
ouvirem através de outras pessoas sobre a existência destes, procuram
conhecê-los, porém de forma desordenada gerando assim grandes riscos a
depredação desse patrimônio. Estudos elaborados pelo Circuito Arqueológico do
Alto Sertão Alagoano: Diagnóstico da oferta turística, nas cidades de Delmiro
Gouveia, Olho D’água do Casado e Piranhas em 2008, coordenado pelo arqueólogo
Dr Paulo Eduardo Zanetini, revelou a precariedade da fomentação turística
predominante nestes municípios. Em seus dados, a falta de estrutura mínima para
a preservação dos sítios e para a viabilização dos meios de transporte foi
exaustivamente, mas não excessivamente, relatados em seu diagnóstico, (figuras
3, 4, 5 e 6). O não incentivo dos órgãos municipais e estaduais torna-se
preponderante neste descaso total com o patrimônio arqueológico e com a herança
deixadas para as gerações futuras. Soares define bem o que esses descasos com o
patrimônio arqueológico significam:
Os bens arqueológicos
constituem o legado das gerações passadas às gerações futuras e destruí-los
significa subtrair a herança a seus legítimos herdeiros, razão pela qual
atualmente a Constituição Federal protege os bens de natureza material e
imaterial constitutivos do patrimônio cultural brasileiro, dentre os quais, os
sítios de valor arqueológico (2007, p 66).
Assim,
visando minimizar os efeitos da desvalorização do patrimônio arqueológico,
Bastos (2007: 58) irá expor o Plano de Desenvolvimento Turístico Arqueológico
do Piauí (2000), afirmando serem propostas bastante oportunas aos que almejam
desenvolver o turismo arqueológico.
1.
Preparação
dos sítios arqueológicos, com as indispensáveis ações de conservação;
2.
Implantação
de estruturas para recepção dos visitantes;
3.
Construção
e reparação de vias de acesso com o saneamento das suas margens na maioria das
vezes utilizadas indevidamente;
4.
Implantação
de serviços de saneamento básico, de assistência médica e de comunicação, onde
se fizerem necessários;
5.
Preparação
de recursos humanos para monitoramento dos sítios e atendimento ao público
visitante;
6.
Ações
de educação patrimonial, visando chamar a atenção para a importância dos sítios
arqueológicos, campanhas educativas, seminários, palestras, ação ordenada de
divulgação;
7.
Estudos
arqueológicos, projetos arquitetônico com especificações para cada sítio;
8.
Ações
de mobilização destinadas a atingir as instituições, organizações
não-governamentais e a sociedade em geral para uma parceria, através de
acordos, convênios, termos de cooperação, comodatos dentre outras formas de
cooperação;
9.
Ordenação
legal das parcerias, envolvendo direitos e obrigações, que se possível devem
ser contempladas nas legislações estaduais.
A
educação patrimonial se faz necessário para a integração da comunidade nos
trabalhos desenvolvidos nos sítios arqueológicos, e nas pesquisas realizadas,
isso só se dará se estes tiverem uma intervenção da educação durante todo o
processo. A educação patrimonial obterá caráter de um instrumento de
“alfabetização cultural”, este instrumento pode ser entendido como uma
“Pedagogia que propõe a descolonização da memória e do imaginário do ser humano
através do diálogo cultural com outros, por meio de processo de sensibilização,
autoleitura, autoconscientização e transformação coletiva” (BARON, 2004, p419).
Porém esse processo de interação só será possível se as instituições de ensino,
bem como, a comunidade e a administração local almejarem esse diálogo e
interação.
Considerações
finais
As
evidências arqueológicas existentes em todo território brasileiro, neste caso
específico nos municípios de Delmiro Gouveia e Olho D’água do Casado, no estado
de Alagoas confirmam a intensa ocupação desta região na pré-história por povos
indígenas. A desvalorização desse patrimônio por parte da sociedade
contemporânea está diretamente atrelada ao modelo de colonização que nos foi
imposto, onde as referências de desenvolvimento e de povos melhores sucedidos
estão vinculados aos colonizadores, fato este alimentado até os dias atuais.
A
busca pelo conhecimento e valorização do patrimônio arqueológico,
principalmente o pré-histórico, se faz de extrema importância para a sociedade
contemporânea que estes detêm, pois só assim será
possível construir uma relação indenitária e consequentemente preservacionista,
pois nenhum povo preserva o que não conhece e o que não lhe proporciona uma
relação de identidade.
*
Graduandos do curso de Licenciatura em História, pela Universidade Federal de
Alagoas – UFAL Campus do Sertão. E-mail: jeffersonsantos.gf@gmail.com.